terça-feira, 20 de maio de 2014

O que é falsa simetria?




Falsa Simetria é quando tentam comparar coisas que não tem nada a ver. É como se você discutisse sobre laranjas e as pessoas retrucassem falando de bananas. Não tem como, né?

Este é um conceito que nós usamos para apontar situações parecidas, porém não comparáveis com a inicial, que geralmente aparecem por meio de exemplos e relatos com o objetivo de deslegitimar a mesma.

Vamos imaginar o seguinte diálogo:

- Misoginia mata mulheres diariamente.
- Mas coitado do homem! Ele também sofre! Não pode nem chorar!

Gente, quantas e quantas vezes não nos deparamos com a segunda fala em debates feministas? Exatamente: MUITAS. INFINIIIIIITAS VEZES. E dói. Dói muito.

Por quê?”

Vamos partir pra uma reflexão:

1) Homens são assediados a todo o minuto?
2) Homens são estuprados todos os dias?
3) Homens sofrem diariamente com slutshaming?
4) Homens são sistematicamente forçados a atenderem ao padrão de beleza?
5) Homens são assassinados diariamente por suas parceiras?
6) Insira aqui as outras porções de imposições e violências que mulheres sofrem.


Agora me diga, você acha justo que tentemos igualar o fato de um homem não poder chorar ou usar rosa com o fato de uma mulher/pessoa lida como correr risco de vida apenas por existir? E digo mais: você acha justo dizermos que o homem é vítima, mesmo sendo infinitamente beneficiado pelo machismo?

Vejam bem, não estamos falando que homens não são afetados em algum grau pela misoginia. Misoginia é uma doença social que atinge todas as camadas, entretanto, não tem como as pessoas tentarem estabelecer uma simetria em relação à opressão que um homem sofre - que é apenas uma consequência de um sistema que eles mesmos instauraram, fazem a manutenção permanente e que os privilegia - com a opressão que mulheres (cis, trans*) sofrem. Não é simétrico e nunca será! Uma coisa não equivale a outra, entendeu?

E é por isso que feminismo é uma luta de mulheres para mulheres sobre mulheres, porque os homens já têm a si mesmos para lutarem pelos seus direitos. Mas e nós? Quem luta por nós?

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